Você estuda, trabalha, pesquisa, está sempre de olho no que é tendência, percebe que adquire conhecimentos valiosos rotineiramente… Mesmo assim, se sente travada/travado e guarda todo esse valor para si.
Você não está sozinha/sozinho nesse confuso caminho em que eventualmente nos colocamos. Eu já me senti assim, incapaz de mostrar ao mundo o que eu sei e o que eu faço. Usei o termo incapaz propositalmente, pois quero desmascarar a “incapacidade”.
Nos sentimos incapazes por diversos motivos: timidez, vergonha, medo de julgamentos, síndrome do impostor, entre outros. Todos estão ligados a um problema central: insegurança. Nenhum está ligado à incapacidade.
Todo mundo é capaz de muita coisa, especialmente de falar sobre o que sabe e o que faz no dia a dia.
Como a vida é uma grande montanha-russa, não vou negar que algumas vezes me travo, mesmo estando ciente do assunto a ponto de escrever este artigo. Isso acontece porque tudo é um processo contínuo. Não existe uma linha de chegada onde somos consagrados vencedores na vida e nos negócios.
Estamos em constante evolução. Viver é enfrentar medos.
Um pequeno passo que se mostrou gigantesco
Concluí minha faculdade de Jornalismo em 2014/2. Durante o desenvolvimento do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) conheci a WeGov, graças a um artigo sobre a atuação da Prefeitura de Curitiba no Facebook.
Você lembra de como a Prefs mudou o panorama da comunicação pública em ambientes digitais? Gostei tanto disso que decidi analisar no meu TCC.
Bem, continuando.
Mantive contato com a WeGov por conta do meu TCC e também porque, à época, eu estagiava em um órgão público. No ano seguinte, em 2015, já era jornalista diplomado e inscrevi o meu TCC como case para concorrer a um ingresso para o 4º Redes e-Gov (atual Redes WeGov).
E ganhei!
Fui para Brasília pela primeira vez na vida para participar de um evento que, entre tantos convidados incríveis, contava com palestra de Marcos Giovanella, o cara que planejou toda a mudança que a Prefeitura de Curitiba realizou na comunicação pública digital no Brasil.
Inscrevi meu TCC e fui um dos cases escolhidos. Conheci uma das mentes responsáveis pelo trabalho que analisei. Só que este artigo não acaba aqui. A história vai muito além.
Ao final do evento, o André e a Gabi Tamura (fundadores da WeGov) chamaram ao palco os responsáveis pelos cases selecionados. Eles entregaram certificados que atestavam a escolha e pediram para que cada um contasse um pouco sobre seus cases. Eu não estava preparado para isso… ou melhor, eu achava que não estava.

Fiquei muito nervoso por estar no palco. Muito mesmo. Só que eu já estava lá diante da plateia e de todos os palestrantes. Então, eu contei ao público sobre meu TCC.
Saí do palco rumo ao Happy Hour ainda nervoso. Me cobrava por achar que havia aparentado nervosismo para o público, por acreditar que não falei bem o suficiente sobre meu estudo.
Mostrar o meu trabalho mudou minha vida para melhor
A continuação da história a partir daqui tem tudo a ver com as dicas que trago no fim do artigo. Apesar do contexto ser importante, se você não tiver interesse nesta parte, sinta-se livre para ir direto às dicas.
No Happy Hour, uma pessoa me chamou. Era Priscila Montandon, Diretora de Comunicação Digital do Governo do Rio Grande do Sul à época. Ela queria conversar sobre o que havia acabado de falar no palco (e que eu estava achando que não havia sido bom o suficiente).
A conversa no evento levou a outro papo. Dessa vez na própria Secretaria de Comunicação do GovRS, com o intuito de me contratar para a equipe.
A contratação demorou a ocorrer. Antes disso, fui contratado pela OAB/RS. Três dias depois de iniciar na OAB/RS, recebo a ligação que estava esperando há semanas: iria fazer parte da equipe de Comunicação Digital do RS.
Só que não.
Optei por continuar na OAB/RS. Indiquei a Stephanie, minha namorada, para a vaga. E, de fato, ela foi contratada.
Por conta do networking que estabeleci, a esse ponto ampliado graças ao meu relacionamento com a Stephanie, aproximadamente seis meses depois fui apresentado à fundadora da Queen Mob, Samantha Carvalho. Pouco tempo depois comecei a trabalhar na Queen, onde fiquei por três anos.
Na Queen Mob, trabalhei em um formato altamente flexível e junto a profissionais extremamente competentes. Foi quase como fazer uma pós-graduação diariamente.
A flexibilidade no modelo de trabalho e a experiência que adquiri junto a esses profissionais me ajudaram a crescer. Consequentemente, passei a fechar mais negócios como freelancer remoto.
Acredito tanto no trabalho remoto que, desde março de 2019, atuo como autônomo de forma remota.
E pensar que tudo o que eu vivi de 2016 para cá não teria acontecido se eu não tivesse falado sobre meu trabalho naquele palco… Ou melhor: se eu não tivesse inscrito meu trabalho para ganhar um ingresso pro Redes.
As pessoas querem conhecer suas realizações
É comum acharmos que ninguém está interessado no que fazemos. Também é frequente pensar que muitas pessoas já estão falando sobre um assunto que você domina e que, por esse motivo, não há espaço para você expor o seu trabalho.
A verdade é que o mundo é muito grande para pensarmos isso. Há pessoas com interesses variados. Nenhuma opinião é dominante. Um mesmo assunto pode possuir milhares de pontos de vista diferentes, e cada um pode agregar valor a diversos perfis de usuários.
A sua dor pode ser a mesma de muitas pessoas.
A sua opinião pode ser a mesma de muitas pessoas. Ou não. E, nesse caso, o seu ponto de vista pode fazer alguém refletir e mudar suas próprias crenças.
Por que não dar uma chance a essas possibilidades?
Uma situação que constato desde que defini minhas estratégias enquanto produtor de conteúdo freelancer é que nosso círculo de amizades adora ver o que estamos fazendo. Não pense nisso como se sua rede de contatos fosse formada por stalkers. Perceba que as pessoas ficam felizes com nossas realizações, compartilham dos mesmos problemas, e aprendem com o conteúdo que geramos.
E não estou falando apenas de ter a atenção de mãe, pai ou amigos próximos. Me refiro a pessoas com quem compartilhamos momentos e até hoje mantemos um vínculo – mesmo que seja aquela pessoa que temos adicionada no Facebook há 10 anos e não falamos mais.
Elas estão ali, muitas vezes quietinhas, torcendo por nós.
Dicas para divulgar seu trabalho sem empurrar goela abaixo da audiência
Falar sobre o seu trabalho não é o mesmo que fazer propaganda de si. Fazer propaganda é tentar vender algo (produtos, serviços, ideias, crenças) a todo custo para quem lhe acompanha. Isso não é legal. Existem muitos passos antes de efetivamente partir para uma abordagem de vendas. Quem pula etapas não é agradável com a audiência.
Por sua vez, falar sobre o seu trabalho é documentar o processo. Você pode compartilhar aprendizados, dúvidas, problemas enquanto deixa a porta aberta para receber feedbacks das pessoas. Dessa forma, você estará construindo um diálogo, uma via de mão dupla, e não apenas tentando vender seu peixe.
Em essência, para não ser um discurso de vendas, você deve se preocupar em gerar valor à audiência. Se você conta sua história sempre tendo em mente em como você quer ajudar o próximo, você está no caminho certo!
Separei algumas dicas que aplico diariamente no meu posicionamento e no trabalho de branding e conteúdo com meus clientes.
Defina objetivos e estratégias
Definir objetivos e estratégias é o começo de tudo. Pense no que você deseja conquistar. Pode ser conquistar um novo emprego, mudar de profissão, empreender, se tornar palestrante, conhecer o Obama.
A partir disso, tenha em mente de que pelo menos 80% da sua atividade online deve ser voltada para atingir os objetivos. Os outros 20% podem tranquilamente contemplar fotos da sua família, dos seus pets, da sua banda favorita, se essa for sua vontade.
Não comprometa sua imagem
No tópico anterior eu falei em atividade, não em publicações. Pense bem antes de publicar e, principalmente, fazer comentários em posts alheios sobre a fulana ou o ciclano do BBB, da política, da música, do esporte, e por aí vai. Lembre-se: você está sendo visto por bilhões de pessoas na internet.
Isso não significa que você deva se censurar. O que eu estou dizendo é que você precisa se colocar no lugar do outro (a famosa empatia) e ver se, de alguma forma, seu comentário vai ofender a pessoa, ser calunioso ou, até mesmo, criminoso.
Você contrataria uma pessoa racista? Faria negócios com uma pessoa pedófila? Eu não.
A internet e as redes sociais são neutras
É comum vermos alguém falando que a internet é perigosa e que as redes sociais pioraram a sociedade. Na verdade, esses ambientes digitais apenas serviram de palco para que os seres humanos se expusessem à vontade. Tão à vontade que alguns cometem excessos – por vezes crimes – como os que citei no tópico anterior.
Use o digital a seu favor. Crie um portfólio para mostrar seus trabalhos e contar histórias por trás de cada realização.
Gostar de escrever? Produza conteúdo em texto em redes sociais como LinkedIn, Facebook, Medium e/ou crie seu próprio blog.
Gosta de fotografar? Use o Instagram, o Pinterest, o Flickr e portfólios digitais para mostrar seu talento e contar histórias de valor.
Curte vídeo e falar diante das câmeras? YouTube, Instagram, IGTV, Facebook, TikTok, Twitter… hoje em dia o vídeo domina. E, para a nossa sorte, as câmeras dos smartphones são cada vez melhores. É possível fazer muito com os recursos que já temos.
Comece
Comece com o que você tem e no seu tempo. Inicie no formato que for mais confortável para você (texto, foto, vídeo). Como bem disse o Tiago, do Tira do Papel, perceba a produção de conteúdo como um projeto.
As possibilidades nas redes sociais são infinitas, mas você não tem como abraçar o todo sozinha/sozinho. É importante aceitar isso. Construir uma equipe leva tempo.
No artigo, o Tiago também indica como quebrar o grande em pequenas partes. Por exemplo: o eBook que você tem em mente pode ser diluído em dezenas de conteúdos nas redes sociais e, após publicados, você juntar toda a inteligência construída e transformar em eBook.
Aliás, agradeço muito por você ter lido meu artigo até o fim. Se tiver interesse em se aprofundar mais em como começar, indico que você leia o artigo do Tiago ao qual fiz referência. 🙂
Sou Jornalista pós-graduado na Especialização em Jornalismo Digital, ambas formações pela PUCRS. Tenho 28 anos e atualmente resido em Porto Alegre (RS), onde trabalho de forma autônoma como produtor de conteúdo para blogs e mídias sociais, além de prestar consultoria e realizar diagnóstico da presença digital de marcas pessoais e empresariais.