São raros os casos em que há fórmulas prontas capazes de solucionar problemas. Para a maioria das situações, a superação de dificuldades ocorre a partir da uma palavra já presente em superação: ação. Acredito muito nisso e, por esse motivo, neste artigo trago 6 dicas de livros que foram importantes para que eu agisse com mais segurança após conhecer referências que estimulam o pensar diferente.
Este texto foi escrito durante a quarentena para ajudar a conter a pandemia do coronavírus. O COVID-19 é uma doença altamente contagiosa, em que uma pessoa contaminada pode não apresentar sintomas e, ainda assim, transmitir a doença para até 2,79 pessoas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Diante de um difícil cenário em que ainda não há cura para o novo coronavírus, os problemas não se limitam às áreas de saúde e atingem praticamente todos os setores em nível global. A incerteza tomou conta. Muitas pessoas perderão empregos. Muitas empresas fecharão as portas.
Entretanto, tudo o que tiver solução será resolvido a partir da ação. A busca pelo desenvolvimento de medicamentos e vacina capazes de curar e prevenir o novo coronavírus são exemplos práticos de ação para superar problemas.
Explicado o contexto que motivou o artigo, vamos às dicas de livros que em outras situações foram muito úteis para mim, estão sendo igualmente válidos agora, e que acredito que podem ajudar você a superar adversidades pessoais e profissionais.
Aprenda a identificar e valorizar o que é essencial na vida
Sem dúvida a maior reflexão gerada pela pandemia diz respeito ao que valorizamos em nossas vidas. Ao superarmos o COVID-19, eu espero que a comunidade global passe a valorizar o que é essencial, como amor, paz, família e empatia.
Para colocar a mente com a perspectiva correta do que é essencial, não há fonte melhor do que o livro Essencialismo: A disciplinada busca por menos (2014), do autor Greg McKeown. A obra é um best-seller do The New York Times com méritos.

O essencialismo é um método que identifica o que é vital e elimina todo o resto. Dessa forma, é possível focar verdadeiramente no que realmente importa. Greg McKeown explica com conhecimento técnico e de forma aplicável que o conceito vai além de ser uma estratégia de gestão de tempo ou uma técnica de produtividade.
A contracapa do livro destaca um dos maiores valores da obra:
Quando tentamos fazer tudo e ter tudo, realizamos concessões que nos afastam da nossa meta. Se não decidimos onde devemos concentrar nosso tempo e nossa energia, outras pessoas – chefes, colegas, clientes e até a família – decidem por nós, e logo perdemos de vista tudo o que é significativo.
Esse livro apareceu na minha vida no momento em que eu mais precisava. Havia acabado de ser passado para trás e tomado um calote que prejudicou dois meses das finanças aqui em casa. O primeiro pensamento que tive foi: devo me esforçar ainda mais e pegar o máximo de trabalho possível para me recuperar.
Essa forma de pensar é a mais intuitiva em momentos de escassez. Entretanto, o Essencialismo me mostrou que eu estava muito errado. Além de eu correr o sério risco de ter (novamente) um burnout ou cair numa depressão profunda, me sobrecarregar de demandas não me daria tempo para respirar, tampouco significaria certeza de conseguir a renda dobrada que eu acreditava que precisava.
Uma das principais mensagens do livro é esta:
Menos, porém melhor.
Graças aos ensinamentos de McKeown, eu aprendi a dizer não. Sem medo. Sem me culpar por achar que estava abrindo mão de oportunidades que resolveriam meu problema.
Das dicas de livros deste artigo, o Essencialismo é o mais marcante para mim. Ler a obra foi um divisor de águas.
Entretanto, com a crise global instaurada pelo coronavírus, talvez comprá-lo não seja uma alternativa viável para você. Felizmente está disponível no YouTube o audiobook completo e gratuitamente! Ouça:
Tem poder quem age
Sabe aquela história de que não se pode julgar um livro pela capa? Bem, O Poder da Ação (2015), do autor Paulo Vieira, é um dos livros que por muito tempo me mantive distante por nutrir um preconceito.
Sempre via a obra à venda em contextos como conferências e eventos de negócios em que boa parte dos participantes tentavam vender fórmulas prontas de “sucesso”. Caso você não saiba, não existem fórmulas para o sucesso, nem receita para enriquecer rapidamente. Na Era Digital, o maior hack da vida é o seguinte:
Produzir conteúdo de forma consistente e alinhada a objetivos concretos.
MAINIERI, Alysson (2020), também conhecido como eu mesmo.

Eis que meu amigo Ben-Hur Silva me deu o livro de aniversário em 2019. Quando alguém em quem eu confio me indica algo, eu realmente levo em consideração. Então, dei uma chance e me despi do preconceito.
Como eu não dava chance alguma para o livro, eu não sabia o que esperar. Curiosamente, eu decidi pegar um lápis para sublinhar ideias que eu considerasse importante e fazer eventuais anotações. Até esse momento, eu nunca havia feito isso com meus livros. Admito que sempre tive pena de riscá-los.
Minha decisão foi a correta. Isso porque a obra de Paulo Vieira é repleta de exercícios para praticar o que ele escreve. O Poder da Ação vai muito além do discurso motivacional e da meritocracia rasa que encontramos aos montes pela internet.
A capa diz conquiste seus sonhos em seis meses. Isso também era um fator que me fazia passar longe da obra. Apesar da chamada não estar de acordo com a minha linha de pensamento, o livro tem bastante embasamento científico, e isso me surpreendeu muito.
Por ser bem embasado, os exercícios que o autor propõem são práticos. Entretanto, desde já fica o alerta: ser prático não significa que seja fácil aplicar os ensinamentos. Portanto, prepare-se para uma dose de estímulo que pode te fazer passar por uns perrengues, mas vai te ajudar a agir.
Por que fazemos o que fazemos
De todas as dicas de livros neste artigo, O Poder do Hábito (2012) é, sem dúvida, o livro mais rico em termos de cases que reforçam a pesquisa do autor. Escrita por Charles Duhigg, repórter investigativo do jornal The New York Times, a obra ficou mais de três anos na lista de mais vendidos do mesmo veículo.
A capa apresenta um argumento que considero muito convincente e honesto a respeito do valor que o livro entrega: Um olhar sério sobre a ciência da formação e transformação dos hábitos” – New York Times Book Review.

Um olhar sério. Ciência.
Esses são dois importantes diferenciais da obra de Charles Duhigg. Não se trata de achismo nem de discurso motivacional. Se trata de ciência, pesquisa, identificação de padrões e explicações técnicas acessíveis para mostrar como criamos e transformamos ações em hábitos.
O livro apresenta didaticamente o loop do hábito (deixa – rotina – recompensa), que é o funcionamento dos hábitos. Após, traz uma série de cases que mostram como conhecer a ciência por trás pode ser fundamental para promover mudanças significativas, tanto na vida pessoal, quanto em nível empresarial.
Duhigg mostra como a Starbucks se tornou o que se tornou, como a Target implementou ações promocionais e de fidelização de clientes a partir do conhecimento de seus hábitos, sem deixar de lado exemplos pessoais de como ele aplica sua própria pesquisa. Tem espaço até para explicar como funcionam os hábitos na sociedade, trazendo uma rica análise sobre o movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
O mindset infinito
Provavelmente você já viu algum conteúdo de Simon Sinek, mas talvez não associe o nome ao trabalho dele. Veja abaixo por que acredito que você já teve algum contato com ele.

Simon possui uma das palestras no TEDx Talks mais famosas na internet. Publicado pela primeira vez em 2010 e somado ao vídeo enviado a conta geral do TED, juntos os dois vídeos da mesma palestra possuem atualmente mais de 17 milhões de visualizações. Ele é autor do livro Comece pelo porquê (Start with why, 2009) e se popularizou por causa do TED.
Bem, mas aqui vou falar sobre a obra mais recente dele: O Jogo Infinito (The Infinite Game, 2019).

“Em Comece pelo porquê, eu quis mostrar o valor de ter um propósito em tudo o que fazemos. Agora, neste livro, tento oferecer as ferramentas para ajudar aqueles que desejam entender o jogo de que todos nós participamos: o Jogo Infinito”.
Simon Sinek
Não podemos escolher o jogo. Não podemos escolher as regras. Só podemos escolher como vamos jogar. Essas frases estão estampadas na contracapa da obra e situam bem sobre o que Simon fala no livro.
Jogos finitos são todos os que possuem regras fixas e objetivos claros que, quando conquistados, encerram as partidas. Por sua vez, jogos infinitos são aqueles em que os participantes e as regras estão sempre mudando. Em outras palavras: negócios, política, a vida em si. Não há como ser um “negócio vitorioso” ou “vencer na vida” porque não há uma linha de chegada.
Quando entendemos que a vida, os negócios e a política são jogos infinitos, passamos a agir com propósitos que geram valor para a sociedade, nos trazem felicidade e miramos no longo prazo. Afinal, se o jogo não tem fim, não há por que ser motivado exclusivamente por coisas finitas e momentâneas.
Além do amplo conhecimento que possui enquanto líder visionário e otimista, Simon compartilha casos em que evidenciou a diferença de jogos finitos e infinitos na prática. Uma situação muito marcante apresentada no livro é a postura de líderes da Microsoft após Bill Gates deixar o comando majoritário da empresa. A partir disso, a Microsoft passou a se preocupar mais em lucros e em perseguir a Apple do que em inovar.
Um momento chave dessa disputa diz respeito à obsessão da Microsoft em “vencer” o iPod. Simon conta que estava ciente da situação da criadora do Windows e que ganhou da Microsoft seu mais recente produto à época: o Zune, cujo objetivo de sua criação era competir diretamente com o iPod touch da Apple.
Ao dividir um táxi com um executivo da maçã, Simon afirma ter dito a ele que o Zune era muito melhor que o iPod touch. Então, o colega de Steve Jobs respondeu: “Eu não tenho dúvidas”. Fim da conversa. A Apple não estava nem aí para o que a concorrente estava fazendo. Seu foco era inovar. Tanto que, um ano após o lançamento do Zune, a maçã lançou a primeira versão de um tal de iPhone. A partir daí, não preciso dizer mais nada, né?
O Jogo Infinito é mais uma rica obra de Simon Sinek focada em promover novas lideranças conscientes e socialmente responsáveis em nível global.
Se você não está em condições de comprar esse livro, sugiro que você ouça este podcast de Jennifer Morgan com o Simon, pois ele transmite as ideias essenciais do livro durante a conversa.
Referências práticas para inovar em negócios tradicionais
Como eu falei anteriormente, quando alguém me indica um livro eu realmente levo em consideração. Rebeldes têm asas (2017) é mais um exemplo.

Pouco tempo após o lançamento, eu estava vendo muita gente falar sobre a obra, especialmente no LinkedIn. Porém, ainda não havia me convencido de comprá-la. Até que fui a um evento e perguntei a uma palestrante que admiro quais livros ela indicava. Em seguida tratei de comprar.
Rebeldes têm asas é escrito por Rony Meisler (CEO e cofundador da Reserva) e Sergio Pugliese (jornalista e amigo da marca). O livro conta a história da Reserva, empresa que inovou o setor de vestuário e moda no Brasil.
Eu tinha certas ressalvas com a Reserva. Entretanto, eu só fui me lembrar delas enquanto lia a obra. Rony e Sergio apresentam na obra a trajetória da Reserva com seus altos e baixos, falando sobre as inovações e a preocupação com as pessoas que dedicam suas vidas pela marca, sem deixar de abordar as polêmicas que cercaram a empresa ao longo da história.
E isso eu considero muito honesto da parte dos autores.
Depois que terminei de ler, passei a acompanhar o trabalho do Rony no LinkedIn, e preciso dizer que não concordo com tudo o que ele fala. Entretanto, esses motivos são fundamentais para eu indicar a obra.
Além de servir como referência à inovação até para quem vai começar do zero absoluto, o livro também inspira por causa da forma como a Reserva lidou com os problemas. Concordando integralmente ou não com o Rony, acredito que até mesmo nas discordâncias de ideias é possível crescer, e portanto Rebeldes têm asas merece ser lido.
Uma visão progressista sobre trabalho
Se você chegou até aqui, primeiramente, muito obrigado! Essa é a última das dicas de livros deste artigo, e você já deve ter percebido que é importante despir-se de preconceitos e dar chance aos livros, especialmente se pessoas inspiradoras e/ou da sua confiança os indicam.
Como encontrar o trabalho da sua vida (2012), do autor Roman Krznaric, é outro título que pode gerar desconfiança. Entretanto, é uma obra rica em pesquisas e cases. O mais legal é perceber que lá em 2012 o escritor já estava com uma visão sobre o trabalho que ainda hoje, no Brasil, não é muito difundida.

Eu li esse livro em 2016 em um momento em que recém havia concluído a graduação, cursando pós-graduação e começando a trabalhar em uma empresa que preza pela liberdade dos funcionários e, entre as iniciativas, permitia trabalhar remotamente sempre que necessário. O contexto foi muito favorável para que eu absorvesse o conteúdo.
Esse livro é para muita gente. Jovens que estão concluindo o Ensino Médio. Quem está prestes a se formar na faculdade. Pessoas que estão infelizes em seus empregos atuais. Profissionais que acreditam em alternativas modernas de trabalho (como o home office).
Em resumo, é para todas e todos que desejam se sentir felizes por trabalharem com propósitos claros.
Eu adoraria receber suas indicações de livros. Se você já leu algum e acredita que merece estar em uma lista como essa, deixe sua sugestão nos comentários. Vou ficar feliz em ler algo que gerou valor para você!
Sou Jornalista pós-graduado na Especialização em Jornalismo Digital, ambas formações pela PUCRS. Tenho 28 anos e atualmente resido em Porto Alegre (RS), onde trabalho de forma autônoma como produtor de conteúdo para blogs e mídias sociais, além de prestar consultoria e realizar diagnóstico da presença digital de marcas pessoais e empresariais.